“Stress” não é uma
palavra bíblica. “Preocupação” e “ansiedade” são. E são pecados.
Nós realmente podemos dizer que algo como
ansiedade é pecado? O que faz disso um pecado? Será que não é só uma fraqueza
que devemos superar? Ou, talvez, não deveríamos enxergar como uma doença
mental?
Há algumas abordagens
diferentes que podemos seguir para responder esses questionamentos. Vamos
começar buscando os mandamentos de Jesus.
É
um mandamento
O mandamento “não
andeis ansiosos” é repetido várias vezes por Jesus em Mateus 6 (versos 25, 27,
31, 34) e é visto outra vez em Mateus 10.19.
Por mais que esses
comandos lidem com situações específicas, a realidade subjacente do contexto é
que se Jesus ordena que as pessoas “não andem ansiosas”, nós sabemos que (1)
ansiedade não é só um desequilíbrio químico ou uma desordem mental, e (2) há
pelo menos algumas formas em que a ansiedade é pecado, simplesmente porque
Jesus a proibiu.
A teologia de Jesus sobre ansiedade e confiança
Quando Jesus comanda
que as pessoas não andem ansiosas em Mateus 6 e 10, ele está ordenando-as a não
ficarem ansiosas por coisas específicas: comida, roupas, expectativa de vida, o
que acontecerá no futuro e defesa própria quando sofrer pelo evangelho. Eu
penso que é seguro dizer que essas são algumas das nossas necessidades mais
básicas. Ao argumentar desde as mais coisas básicas e elementares, ele está
afirmando que não devemos nos preocupar no sentido mais amplo.
Em outras palavras,
se você não deve se preocupar com as coisas mais elementares necessárias para
viver, então pelo que você deveria se preocupar? Por nada.
Jesus ensina em uma
metáfora nessa passagem, dizendo que somos escravos de um senhor: ou as
“coisas” mundanas ou Deus. Ele diz que devemos seguir Deus, pois sendo
um justo mestre, nos proverá tudo que necessitamos, ao servi-lo. Por outro
lado, se servimos a nós mesmos e trabalhamos para assegurar nossa própria
provisão, não podemos nos garantir nada: “Qual
de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua
vida?”
Na raiz do problema
está a questão da confiança. Se você diz que é um servo de Deus e anda ansioso,
você está agindo como se ele fosse um senhor muito perverso. Que tipo de senhor
lidera seus servos mas não provê o que eles necessitam? Se mesmo os senhores
humanos provêm para seus servos, pensar o contrário de Deus é não ter nenhuma
confiança nele!
Confiar em si mesmo é
o que produz ansiedade. E é em vão: “Portanto,
não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados;
basta ao dia o seu próprio mal” (Mateus 6.34). Confiar em Deus, por outro
lado, te liberta da ansiedade e te capacita a obedecer o mandamento de não
andar ansioso.
Os
apóstolos concordam
É por causa de tudo
isso que o apóstolo Paulo escreve em Filipenses 4 aos crentes de Filipos: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em
tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração
e pela súplica, com ações de graças” (Filipenses 4.6). Há um lugar certo
para se colocar sua confiança. E isso é o que está em jogo quando lutamos
contra a ansiedade.
Pedro
argumenta de forma similar:
“Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em
tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque
ele tem cuidado de vós.” (1 Pedro 5.6-7)
Pedro, após lembrar
seus leitores de que Deus se opõe aos soberbos, mas concede graça aos humildes
(1 Pedro 5.5), agora diz o que é ser humilde. Humildade é lançar
todas a ansiedade de meus ombros sobre Deus.
Não lançar sobre ele
minhas preocupações é orgulho. Me apegar a minhas ansiedades é almejar a
supremacia que só pertence a Deus.
Quando estou ansioso,
estou tentando tomar o trabalho que é de Deus. Eu penso que, ou ele não se
importa o suficiente comigo, ou ele não tem o controle da situação. Quando
estou ansioso, quando me recuso a lançar minhas preocupações sobre ele, estou
dizendo que sei lidar melhor com a situação do que Deus saberia.
Isso é o oposto da
humildade. É
o oposto da confiança. Por isso é pecado. E isso traz consequências (em um
sentido similar a Romanos 1, desprezando o conhecimento de Deus, e por isso
podem haver manifestações físicas e comportamentais que o mundo descreve em
termos estritamente naturais, atribuir a causas estritamente naturais e então
oferece abordagens estritamente naturais para a cura).
Há algum tipo
certo de ansiedade?
Então toda ansiedade é sempre pecado?
Eu penso que não, em um certo sentido. Paulo fala da preocupação que ele tem
pelas igrejas (2 Coríntios 11.28) e em outras passagens ele fala das ansiedades
que uma pessoa casada sempre sente em relação a agradar seu cônjuge (1
Coríntios 7.33-34). E ele faz um contraste disso com a ansiedade que se deveria
sentir idealmente em agradar ao Senhor (1 Coríntios 7.32).
Então uma certa forma de ansiedade não
é pecado. Mas a ansiedade que é livre de pecado não o é por alguma desculpa
mental ou física, mas sim porque a natureza dessa ansiedade é diferente. É mais
uma espécie de zelo ou anseio do que preocupação. É a expressão do quão
preocupado alguém está com sua necessidade de andar segundo os princípios de
Deus em sua vida.
Quão distante isso está da ansiedade que eu sinto
normalmente!
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