Santo e humano, podemos ser
os dois?
De várias maneiras ser
santo e ser humano é um paradoxo. Mesmo assim, este é um desafio que todo
cristão enfrenta.
Como cristãos, devemos ser
santos, separados, santificados e puros. Como seres humanos, entretanto, temos
que confessar que esta verdade não parece ser tão absoluta, pois parece estar
sempre distante de nós.
Quase sempre não nos
sentimos santos. Nunca fomos e nunca seremos, pelo menos neste lado da
eternidade.
Na verdade, somos chamados
para ser uma coisa para a qual nos sentimos incapazes. Somos pecadores chamados
para ser santos. Nossa tarefa é tão difícil quanto tentar encravar um pequeno
alfinete no concreto, com um martelo de borracha. Tanto a ferramenta quanto o
operário são inadequados para a tarefa. Por isso, existe dentro de cada um de
nós uma luta interior entre o santo e o humano.
Se em algum lugar da terra
existe um devoto de Deus que se mantenha sempre livre de fraquezas, desconheço –
pois não me foi apresentado. Mas isto foi demonstrado: Que fraquejando e
erguendo-nos de novo sempre somos sustentados no amor.( Kesler Jay. Sendo
Santo, Sendo Humano (Minneapolis, Minnesota, USA: Bethany House Publisher,
1998), p.182.)
Alguém tentando ser santo
nega a própria humanidade, como se ser humano fosse algo errado. Tem medo de
expor os sentimentos de fraqueza, dúvida e incapacidade; então, esconde estes
sentimentos, querendo revelar uma santidade inexistente, a qual Deus nunca
ensinou.
A santidade ensinada por
Deus é aperfeiçoada na fraqueza humana e não na negação dela. (1 Samuel 21.1-15)
Deus mesmo se fez homem,
portanto nada há de errado em nossa humanidade. Outro, incapaz de
viver uma vida de
santidade, desiste da sua busca, se tornando cético ou hipócrita.
Alguns, no desejo de
revelar uma vida poderosa e santa, querem anular lado humano e viver somente no
espírito. Esta impossível tarefa os faz adoecer, já que tentam atingir um alvo
inatingível,
quando são confrontados
pela santidade de Deus e por sua própria falibilidade.
Existem certos assuntos em
que a maioria dos cristãos não gosta de tocar. De boa vontade ninguém
revela ou admite que tem
problemas com o ressentimento, dúvida, sexo, dinheiro, carnalidade, estresse ou
estafa, ira e muitos outros incômodos, presentes no interior de todos nós.
Muitos destes problemas não se manifestam na vida dos cristãos, porque eles são
infiéis à santidade de Deus. As aflições por eles enfrentadas se originam,
quando esquecem que são seres humanos.
Cristãos bem sucedidos não
são aqueles que são perfeitos ou capazes, pelo contrário, este equilíbrio entre
o santo e o humano é fundamental.
O cristão precisa estar
plenamente contente com quem ele (a) é; tanto quanto deve estar feliz com o que
ele (a) faz e vice-versa.
A vida cristã não separa o
indivíduo em duas diferentes pessoas, antes harmoniza a nossa humanidade com a
santidade de Deus.
Como aconteceu com Davi,
existem situações que nos levam a confrontar a nós mesmos. Alguns acontecimentos nos levam a
olhar o espelho das nossas próprias almas. Aquilo que descobrimos ainda existente
dentro de nós nem sempre é bonito. Ficamos surpresos quando detectamos, em nós
coisas das quais pensávamos estar livres.
Este exercício de
introspecção incomoda a princípio, mas conduz ao crescimento. As respostas são
encontradas quando olhamos
para os lugares certos. A cura acontece, quando o diagnóstico é correto. Só
assim o remédio pode ser aplicado.
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