“Sendo José de dezessete anos, apascentava as ovelhas
com seus irmãos; sendo ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e com os
filhos de Zilpa” (Gn 37.2)
De todas as histórias
do Antigo Testamento, nenhuma apresenta uma figura de Cristo mais detalhada e
rica que a comovente história de José. Outras biografias podem nos dar minúcias
de experiências pessoais e de fracassos humanos, nos ensinando lições
preciosas. No entanto, à medida que a vida de José se desenrola, sentimos que o
Espírito de Deus mantém em foco a glória de Cristo.
SEU SERVIÇO.
A história começa com
José, um rapaz de dezessete anos, alimentando o rebanho e “andando” com seus
irmãos, ou seja, trabalhando juntamente com os mais velhos. Aquele que era o
escolhido para ser o soberano do Egito (cap. 41:38-44) primeiramente tinha de
ser servo. O lugar de soberania é alcançado apenas pela vereda do serviço.
Nisso o Senhor é o exemplo máximo de Seus próprios ensinamentos, pois Ele
declarou: “Eu, porém, entre vós sou como
aquele que serve” (Lucas 22:27). E porque Ele tomou a “forma de servo… sendo obediente até a morte, e morte de cruz… Deus o
exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome”
(Filipenses 2:7-9). Mais uma vez nesta história vemos Aquele que é maior que
José.
SEU PASTOREIO.
Há ainda outros
aspectos nos quais o início da história de José transparece Cristo. José
liderava ovelhas antes de liderar homens. Por quarenta anos Moisés teve de se
contentar em liderar ovelhas no deserto antes de liderar pessoas através do
deserto. E também lemos que o Senhor “elegeu a Davi seu servo, e o tirou dos
apriscos das ovelhas… para apascentar a Jacó, seu povo, e a Israel, sua
herança” (Salmo 78:70-71). Tanto o serviço e, principalmente, a maneira como
esses santos executavam o serviço prefiguravam o Grande Pastor das ovelhas.
“José trazia más notícias deles a seu pai. E Israel
amava a José mais do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua
velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores” (Gn.37.2-3)
SUA SEPARAÇÃO.
Serviço entre os
irmãos não implica cumplicidade com o mal. Como servo obediente, José estava
sempre perto deles; como homem de integridade, José se afastava por completo
das obras deles. Seu serviço o trazia para junto da companhia de outros; seu
caráter o levava para longe do que faziam, pois somente sua presença expunha a
impiedade dos irmãos. Portanto, José nada tinha a dizer senão “más notícias”
sobre eles.
Da mesma maneira, a
graça de Cristo, o perfeito Salvador, O trouxe para junto de nós e de nossas
necessidades, mas Sua santidade O manteve inteiramente afastava de nosso
pecado. A necessidade desesperada que tínhamos e Sua infinita graça O tornaram
Servo entre as multidões; nosso pecado e Sua santidade O tornaram Estrangeiro
neste mundo. Como Servo perfeito Ele estava acessível a todos; como o Santo de
Deus Ele estava separado de todos. Seu serviço O levou a muitos lares
necessitados; Sua santidade O deixou sem lar.
SUA SUPERIORIDADE
Se, contudo, o
caráter de José o manteve afastado de seus irmãos, o amor de seu pai lhe deu um
lugar destacado entre eles. Além disso, Israel dava testemunho desse lugar de
distinção ao ter vestido José com uma túnica colorida – uma declaração pública
do prazer que ele tinha em seu filho.
Nossos pensamentos
viajam de José para Cristo e do lugar único que Ele ocupava no coração do pai.
O mesmo capítulo que diz que “Deus amou
o mundo” também diz que o “Pai ama o
Filho e todas as coisas entregou nas suas mãos” (João 3).
Deus nos ama com uma
medida de amor insondável, porém não há padrão de medida que seja capaz de
abranger o amor do Pai pelo Filho.
“Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do
que a todos eles, odiaram-no, e não podiam falar com ele pacificamente” (Gn. 37.4)
SEUS SOFRIMENTOS. O Espírito de Deus se deleita em exaltar Cristo ao
apresentar Sua supremacia universal por meio da história de José, embora tal
supremacia tenha sido alcançada mediante o caminho do sofrimento. Existem
características e aprimoramento de caráter que somente o sofrimento traz à
tona.
Se José ocupava um
lugar distinto e especial no coração de Israel, seu pai, e se nos planos de
Deus ele estava destinado à posição de supremacia, durante um período José teve
de enfrentar a ira de seus irmãos. Em uma medida menor, a história dele
exemplifica o ódio tremendo pela qual Cristo passou nas mãos dos homens. O
Homem a quem Deus destinou o lugar de domínio universal é o mesmo Homem que
iria ser odiado por Suas criaturas.
Por que o coração
humano odeia tanto a Cristo? Será que havia algo de errado nEle? Certamente que
não, pois em Cristo não havia qualquer traço de crueldade, violência, ironia,
orgulho, arrogância, ou outra coisa que provocasse o ódio das pessoas.
Em Cristo só havia
amor. Enquanto outros faziam o mal, Ele apenas fazia o bem. Enquanto outros
amaldiçoavam e escarneciam, de Sua boca saíam palavras graciosas. Até os
guardas que foram enviados para O prender testemunharam: “Nunca homem algum falou assim como este homem” (João 7:46).
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