O perdão
de pecados fala daquele estado de graça alcançado no momento em que o pecador
penitente decide por confiar em Jesus, aceitando a Sua obra na cruz como o
preço da redenção individual. O perdão se constitui no marco zero da nossa
caminhada para alcançar a estatura de varão perfeito (Ef 4.13).
I. O TRÍPLICE ASPECTO DO PERDÃO.
A ideia de
perdão, na Bíblia, tem muito maior alcance e significado do que aquele que
costumeiramente temos em mente. Dependendo da raiz donde deriva o termo, perdão
significa: “deixar”, “soltar”, “cancelar”, “remir”, “desobrigação”,
“cancelamento”, “remissão” e “não levar em conta”.
Para
melhor compreendermos a doutrina bíblica do perdão e a bênção que significa
para a nossa vida de salvos, devemos levar em consideração o seguinte:
O Perdão é uma Concessão Divina (Sl 32.2). – Na Bíblia são
abundantes as passagens que falam de Deus como o perdoador de pecados (Dt
29.20; 2Rs 24.4; Jr 5.7; Lm 3.42). Davi disse a sua própria alma: “É Ele (Deus) quem perdoa todas as tuas
iniquidades…” (Sl 103.3). Os judeus tinham a consciência de que ninguém
mais, senão Deus podia perdoar pecados (Mc 2.7). João, o apóstolo amado, diz
que Deus está pronto para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a
injustiça, mediante Jesus Cristo (1Jo 1.9).
Deste modo
quando o perdão é obtido, deve ser recebido com gratidão ao Senhor e tratado
com respeito e admiração. Uma vez que como pecadores, só merecemos o castigo, o
perdão é graça admirável.
Paulo diz
que jamais poderemos obter a absolvição de nossos pecados pelos méritos de
nossas próprias obras, mas unicamente pela graça divina (Ef 2.8-10). Deste
modo, buscar o perdão divino como algo meritório, significa rejeitar a provisão
graciosa de Deus, que diz: “Ainda que os vossos pecados sejam como a
escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como
o carmesim, se tornarão como a branca lã” (Is 1.18).
O Perdão é Alcançado Mediante o
Arrependimento (At 3.19). – O arrependimento é condição indispensável
para se alcançar o perdão divino. O arrependimento é uma forma de expressão do
entristecimento do pecador por causa de seus pecados. É uma forma de
“desespero” que lança o pecador nos braços do único que pode lhe ajudar – Deus.
Face a iminente
manifestação do reino de Deus, João Batista pregou aos seus contemporâneos: “Arrependei-vos….” (Mt 3.2). De igual
modo Jesus inaugura a era da graça, dizendo: “Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1.15). A era da
proclamação do Evangelho foi inaugurada com as seguintes palavras de Pedro: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos,
para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do
refrigério pela presença do Senhor” (At 3.19).
O
arrependimento deve levar o penitente à confissão, ainda que nem sempre a
disposição de confessar seja resultante do verdadeiro arrependimento. Note, por
exemplo, Saul. Foi um dos homens que mais confissão fez a Deus no passado,
mesmo assim nunca permaneceu em pé diante de Deus, tendo, inclusive, morrido no
seu pecado, por lhe faltar o verdadeiro arrependimento.O hábito de confissão,
sem o verdadeiro arrependimento, tende a transformar-se em cinismo e completo
abandono do favor divino.
O Perdão Cancela a Culpa (Cl
2.13,14).
– Paulo diz que quando estávamos mortos em nossos pecados e na incircuncisão da
nossa carne, Cristo nos vivificou juntamente com Ele, perdoando nos “todas as nossas ofensas, havendo riscado a
cédula que era contra nós nas suar ordenanças, a qual de alguma maneira nos era
contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz” (Cl 2.13,14).
A compreensão
do cancelamento da culpa, através do perdão, deve conduzir-nos à compreensão da
doutrina da justificação apresentada sob duplo aspecto: o cancelamento da
dívida do pecado na “conta” do pecador, e o lançamento da justiça de Cristo em
seu lugar (Rm 3.24,-26).
Conta-se
que Martinho Lutero, certa ocasião, defrontou-se com o diabo que o acusava da
culpa de pecados grosseiros. Após abrir alguns pergaminhos nos quais estavam
registrados os pecados de Martinho Lutero, disse este a Satanás: “Satanás,
te esqueceste de acrescentar no final que o sangue de Jesus, o Filho de Deus,
me perdoou de todos estes pecados”.
Esta é a
certeza que todo o crente perdoado deve ter – de que todo o pecado passado já
foi perdoado e a culpa do mesmo cancelada e removida para sempre. Já não há
porque viver sob o tormento das acusações do diabo.
BÊNÇÂOS DECORRENTES DO PERDÂO (Sl
32.7-11).
Muitas são
as bênçãos alcançadas pelo crente, decorrentes do perdão divino. Dentre essas
se destacam as seguintes:
Abrigo (Sl 32.7). – Perdoado
dos seus pecados confessados, disse Davi acerca de Deus, o seu perdoador: “Tu és o lugar em que me escondo; tu me
preservas da angústia; tu me cinges de alegres canto de livramento”. Deus
promete abrigo seguro, junto ao seu coração, àquele que anda em retidão na sua
presença (Sl 24.3,4). Cf Pv 18.10 com 2Sm 22.3,51).
Instrução (Sl 32.8). – Só o
homem perdoado pode gozar do privilégio de ser entregue aos cuidados e
instruções do Senhor. Nascido do Espírito, ontem, hoje e sempre o crente
perdoado sabe que pode confiar na direção de Deus para com a sua vida (Jo 3.8).
Inteligência (Sl 32.9). – O
cavalo e a mula precisam de cabresto para ser puxados; o crente, porém, é
conduzido pela voz interior da mente de Cristo que nele habita (1Co 2.13). Ler
1 Jo 2.27.
Confiança (Sl 32.10). – É
extremamente confortador saber que, numa época quando as instituições seculares
estão a fracassar e as promessas humanas a falhar mais e mais, podemos exercer
confiança no Deus eterno, pronto a cumprir a sua palavra fielmente. (Jr 1.12;
compare com Pv 23.18).
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