Antes de Jesus ser preso, na noite em que foi
traído por Judas, Ele falou as seguintes palavras de encorajamento para seus
discípulos: “Não se perturbe o coração
de vocês. Creiam em Deus, creiam também em mim” (Jo 14.1, NVI).
Quem não tem experimentado ansiedade e medo
ao enfrentar um futuro desconhecido que promete perigo e assombro? A
insegurança intensa e os temores horríveis fragilizam as emoções e perturbam o
coração.
Ameaças físicas tiram a paz da pessoa
ameaçada porque ela não pode calcular a intensidade do sofrimento que virá. A
imaginação age como um carrasco desmontando a segurança da vida interior diante
da possibilidade de torturas ainda não sentidas. O sofrimento, que somos
incapazes de processar, aflige a alma com dores quase reais, dores agudas e
insuportáveis.
Perturbação ocorre quando um médico anuncia
tristemente que o câncer que devora as células saudáveis não tem cura.
Quais são os sentimentos que desestabilizam o
coração no momento em que um passageiro, olhando pela janela de um jato
transatlântico, vê um dos motores lançando chamas e fumaça em cima do mar?
Marcos informa que, na noite da traição, os
discípulos fugiram (14.50), uma reação natural ao se confrontar com uma ameaça
que ultrapassa os recursos disponíveis ao coração. Pedro, mais corajoso,
acompanhou o desenvolvimento mantendo sua distância do foco do perigo. Quando,
porém, foi acusado repetidas vezes de ser seguidor do réu, negou com veemência
e juramentos, afirmando que não era. Aí está mais uma maneira de se tentar
escapar do perigo assombroso.
Naquelas horas em que o perigo mortal se
aproximava, Jesus declarou: “Não se
perturbe o seu coração; creiam”! Quando a mais adequada escapatória for
negar, jurar inocência e fugir para se esconder, é bom ouvir do Senhor: “Não se perturbe o coração”.
O escudo para o crente fiel continua sendo “Creia”.
Crer, no sentido empregado por Jesus,
significa confiar na soberania dEle e na todo poderosa transformação da ameaça em bênção. Crer em
Cristo significa confiar nAquele que, de sua espontânea vontade, aceitou a cruz
e todas as agonias inconcebíveis da morte do Filho perfeito.
O profeta Isaías relatou esta verdade: “Meu servo justo justificará muitos e levará
a iniquidade deles” (53.11, NVI). Os piores e mais terríveis sofrimentos
que a vida ou a morte podem lançar sobre nós foram levados pelo nosso
substituto divino. “Ele foi entregue à
morte por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação” (Rm 4.25).
É essencial que creiamos nesta verdade para nos beneficiarmos deste recurso
eterno.
“O
aguilhão da morte é o pecado”, disse Paulo (1 Co 15.26), mas se Jesus tomou
sobre si o castigo de nosso pecado, que sofrimento sobrará para justificar os
nossos temores?
Receber pela fé esse preciosismo deve anular
a ansiedade e o medo. Logo em seguida, após a ressurreição de Jesus, Pedro
mostrou uma invejável segurança e coragem. Acusou os judeus na mesma cidade em que Jesus foi condenado
e crucificado. “Vocês”, disse ele,
“com a ajuda de homens perversos, o
mataram, pregando-o na cruz” (At 2.23b, NVI).
O que mudou nesse discípulo amedrontado, que
buscava com juramentos negar sua passada intimidade com Jesus?
“Mantenha a si em paz, primeiro”, disse o
sábio Thomas a Kempis, “e então você poderá pacificar outras pessoas. O homem
pacífico realiza mais bem do que aquele que é erudito... O homem bom, pacífico,
vira todas as coisas para o bem” (A Imitação de Cristo, Shedd Publicações, p.
62).
Mas o caminho da paz depende da fé em Deus e
no Senhor Jesus, que passou pelo vale profundo da morte e falou para seus
seguidores: “Deixo-vos a paz, a minha
paz vos dou, não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem
se atemorize” (Jo 14.27, RA).
Paulo descreve esta paz que excede todo
entendimento como “fruto do espírito”,
junto com o amor e a alegria (Gl 5.22).
Não se compara com a paz que conversas com um
psicólogo possam prover nem uma solução inesperada para uma ameaça sombria.
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